Ex-servidor público é preso por aplicar golpes em pessoas com deficiência no Paraná, diz delegado
30/01/2025
Investigação aponta que homem enganava vítimas para abrir contas e fazer empréstimos nos nomes delas. Ele foi indiciado por estelionato majorado e respondeu por crime semelhante em 2012. g1 tenta identificar a defesa dele. Print das mensagens trocadas entre suspeito e uma das vítimas
Cedida pela Polícia Civil
O ex-servidor público suspeito de aplicar golpes em pessoas com deficiência (PCDs) foi preso preventivamente na quarta-feira (29) em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná.
De acordo com o delegado Gabriel Munhoz, responsável pelo caso, ele enganava colegas de trabalho da Prefeitura de Ponta Grossa, abrindo contas e fazendo empréstimos em nome das vítimas.
As investigações iniciaram em agosto de 2024 e na época três vítimas foram identificadas: uma delas tem 22 anos e é diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA), e outra tem 42 anos e possui deficiência motora. Uma terceira vítima procurou a polícia em janeiro de 2025, após o inquérito ser finalizado e divulgado pela imprensa. Saiba mais abaixo.
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O suspeito foi indiciado por estelionato, majorado por ter sido praticado contra PCDs. Segundo Munhoz, devido às características e à recorrência do crime, em caso de condenação a pena pode ser superior a doze anos de prisão.
"As vítimas foram ludibriadas por diferentes estratégias, incluindo ofertas de auxílio para desbloqueio de cartão e um falso projeto de TCC sobre acessibilidade. A investigação revelou um esquema recorrente: após obter documentos das vítimas, o suspeito abria contas bancárias e realizava empréstimos em seus nomes, transferindo imediatamente os valores para sua conta pessoal. A análise minuciosa da movimentação financeira comprovou um prejuízo aproximado de R$ 100 mil nestes dois casos", detalha o delegado.
Ainda de acordo com Gabriel Munhoz, o homem tem 33 anos e possui um antecedente criminal, também por estelionato, datado de 2012.
De acordo com o Portal da Transparência, ele trabalhou na prefeitura municipal de Ponta Grossa até 1º de outubro de 2024. Em nota, a prefeitura informou que ele era servidor concursado e pediu demissão em meio a um processo de sindicância.
"A administração abriu sindicância assim que tomou conhecimento das denúncias. Entretanto, o servidor pediu demissão no decorrer do processo. A Fundação Municipal de Saúde informa que colaborou nas investigações", informa o Município.
O g1 tenta identificar a defesa do suspeito.
Homem foi preso preventivamente em Ponta Grossa
Polícia Civil
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Entenda os golpes
O delegado Gabriel Munhoz explica que as investigações iniciaram em agosto de 2024, após a primeira vítima, um jovem de 22 anos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), registrar boletim de ocorrência.
"O rapaz trabalhava no mesmo setor que o indiciado na Prefeitura Municipal de Ponta Grossa e o golpe foi descoberto quando a mãe do jovem recebeu um cartão bancário em nome do filho, de uma instituição onde ele não possuía conta", detalha.
Segundo o inquérito, o indiciado, utilizando veículo oficial da prefeitura durante o horário de trabalho, conduziu a vítima até o banco sob o pretexto de ajudá-la a desbloquear um cartão.
"Na ocasião, ele abriu uma conta em nome do jovem, realizou um saque de R$ 1.664,99 e contratou um empréstimo consignado de R$ 30.075,66. Para evitar que a vítima fosse alertada sobre as movimentações, o suspeito cadastrou seu próprio número de celular na conta, recebendo todas as notificações. As investigações revelaram diversas movimentações bancárias e transferências via PIX do valor do empréstimo para a conta do indiciado", aponta Munhoz.
O segundo caso foi no mês seguinte, quando um homem de 42 anos, também pessoa com deficiência, foi vítima de um golpe de R$ 60 mil aplicado pelo mesmo suspeito, diz o delegado.
"O criminoso enviou diversas mensagens e áudios via WhatsApp solicitando documentos pessoais e comprovante de residência da vítima, alegando que seriam utilizados em seu 'TCC' sobre acessibilidade na prefeitura municipal. Para ganhar a confiança da vítima, chegou a visitá-la em sua residência, onde tirou 'selfies' que também foram utilizadas para prática do crime. Com a documentação obtida, abriu contas bancárias e realizou empréstimos em nome da vítima, transferindo os valores para sua própria conta", detalha.
Munhoz ressalta que após a divulgação da investigação, em janeiro, uma terceira vítima - também ex-colega de trabalho do homem - procurou a polícia relatando ter sofrido um golpe semelhante do mesmo suspeito.
"Utilizando-se da relação de confiança estabelecida no ambiente de trabalho, o investigado apresentou uma falsa proposta de investimento, respaldada por planilhas fraudulentas que prometiam retornos garantidos do capital investido. O levantamento financeiro demonstrou que a terceira vítima teve prejuízo de aproximadamente R$ 3 mil. Além disso, o suspeito havia solicitado documentos pessoais com a intenção de aplicar novos golpes, seguindo o mesmo padrão criminoso identificado nos casos anteriores", explica o delegado.
Ex-servidor público aplicava golpes em colegas de trabalho, segundo delegado
Cedida pela Polícia Civil
Alerta
O delegado Gabriel Munhoz alerta a população sobre o aumento de golpes direcionados a grupos vulneráveis, como PCDs e idosos.
"É fundamental que familiares e responsáveis estejam atentos a movimentações bancárias suspeitas e jamais forneçam documentos pessoais ou autorizem terceiros a realizar operações financeiras em seu nome. Em caso de suspeita de golpe ou fraude, a orientação é registrar imediatamente um boletim de ocorrência na delegacia mais próxima ou através da Delegacia Virtual, permitindo que as autoridades investiguem o caso e previnam novas ocorrências", ressalta.
Acesse a 'delegacia virtual' da Polícia Civil do Paraná neste link
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